segunda-feira, 21 de maio de 2018

Eu Só Posso Imaginar


Fui com meu pai ver o drama cristão Eu Só Posso Imaginar (I Can Only Imagine, 2018) de Andrew Erwin e Jon Erwin apresenta a emocionante história real do vocalista da banda de rock cristão MercyMe, Bart Millard que culminou na gravação da clássica canção I Can Only Imagine que se tornou uma das música mais tocadas nas rádios, tendo conquistado dois Dove Awards em 2002, um na categoria "Pop/Contemporary Recorded Song of the Year" e outro na categoria "Song of the Year". Millard também ganhou na categoria "Songwriter of the Year" na mesma cerimônia.


O filme apresenta a trajetória de vida de Bart Millard (J. Michael Finley) vocalista da banda de rock cristã Mercy Me, que durante a infância teve um relacionamento conturbado com seu pai Arthur (Dennis Quaid), que sempre o maltratou e nunca entendeu seu amor pela música, até a composição da renomada canção I Can Only Imagine da banda de MercyMe, que oferece esperança para muitas pessoas em momentos desafiadores da vida. Surpreendentemente, a canção foi escrita em poucos minutos pelo vocalista da banda, mas sua criação abrange toda uma vida.

O roteiro de Alex Cramer, Jon Erwin e Brent McCorkle (que também responde pela trilha sonora do filme) é consistente, sem ser apelativo, deixando o filme sempre num ritmo agradável. De início, estamos num momento crucial, quando Bart fala sobre sua canção para a cantora Amy Grant (a rainha do pop cristão, interpretada por Nicole DuPort), num estúdio, é quando voltamos à 1985, na infância do futuro vocalista, para vermos o sonhador que ele sempre foi, tendo que lidar com a violência e truculência de seu genitor, sempre encontrado apoio nas fitas que ouvia em seu walkman.


As brigas conjugais de seus pais eram constantes, de modo que sua mãe decidiu fugir e mandou o filho para um acampamento cristão, para não testemunhar sua partida, que pode ser considerada tanto um abandono do filho, embora seja literalmente uma fuga da relação com marido. A cena ao som de Into the Heart do U2 é cativante. No acampamento, Bart conhece o amor da sua vida, Shannon (Madeline Carrol, na versão adulta) que no final do retiro dos adolescentes, lhe presenteia com a fita do album Never Alone de Amy Grant. No futuro, vemos que a conversão de Bart ocorrera nesse acampamento de jovens da Igreja Batista de Greenville, Texas.


Temos uma passagem de tempo, e vamos para 1991, onde conhecemos o jovem Bart (Brody Rose), dedicado a seguir uma carreira no futebol americano, como seu pai tentara anos atrás. Apesar das críticas que recebe do pai, ele se esforça para ser um bom atleta, mas sofre uma lesão que o impossibilita de jogar futebol novamente. É quando no colegial, por falta de opções, ele opta em entrar para a área musical, por gostar de mexer nos aparelhos, especialmente nos toca fitas. No entanto, a professora de música (Priscilla Shirer) percebe o dom do rapaz para a música e coloca para estrelar um musical da escola.


É nesse período que a relação de Bart com o pai se complica de vez. As agressões do pai abusivo se intensificam, mas agora ele é confrontado pelo filho que se distancia do convívio com seu pai, perseguindo o sonho de cantar e usando sua dor como inspiração para desenvolver suas canções, conforme orientação de Brickell (Trace Adkins) produtor da banda. Bart começa a se destacar na área musical, enquanto seu pai descobre um câncer, mas se julga forte o suficiente para enfrentá-lo. A relação de Bart com Shannon fica comprometida e Bart foge para Nashville, onde conhece os demais integrantes do MercyMe e entra para a banda.


A rotina de uma banda antes do sucesso é muito bem mostrada no filme, com os integrantes vivendo em função de pequenos eventos em diversas cidades. Num dos shows, eles conhecem Michael W. Smith nos bastidores, fruto do trabalho do produtor em tentar engrenar a banda. A decepção ao ouvir das gravadoras que eles não teriam chances de vender, fazem com que as críticas que Bart ouvia do pai retornem com força, é quando ele decide voltar as suas origens e enfrentar seus traumas e medos. Nesta missão, o artista reencontra o amor, e é surpreendido por ensinamentos de fé, que irão ajudá-lo a perdoar seu pai e a confiar plenamente num Deus que pode restaurar vidas.

A letra de I Can Only Imagine é muito linda, e a história sob a qual ela foi forjada é repleta de ensinamentos valorosos. Finalmente um filme cristão que não busca conversão de forma forçada, mas que apresenta a história de um homem comum, que compôs algo extraordinário certamente conduzido pelo Espírito Santo.


As lágrimas rolaram no rosto com facilidade, de poder ver uma linda história de esperança, restauração, perdão tão bem contada numa sala de cinema. O filme merece destaque não só pelo grande público que atraiu nos cinemas americanos, mas por ser abrangente, podendo emocionar não apenas o nicho cristão. Certamente será o grande filme do ano na opinião deste que vos escreve.

Segue trailers dublado de Eu Só Posso Imaginar:

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