sábado, 6 de janeiro de 2018

Viva - A Vida é Uma Festa



Animação Viva - A Vida é Uma Festa (Coco, Estados Unidos, 2015) de Lee Unkrich, que convenhamos, tem melhor nome na versão traduzida que no original, algo raro de acontecer, embora o melhor nome para a animação fosse "O Dia dos Mortos", pois o filme tem inspiração neste tradicional feriado mexicano, que se tornou um evento cultural, com a conhecida qualidade técnica, excelentes canções, poesia e uma história de valores familiares que nos emociona e nos inspira a sempre lembrarmos dos nossos entes queridos.


No filme, conhecemos Miguel (voz de Arthur Salerno na versão tupiniquim), um menino que ama sua família, mas sonha em se tornar um grande músico como seu ídolo, Ernesto de la Cruz (voz de Nando Pradho). No entanto, a estrutura matriarcal da família de sapateiros, fez com que a música fosse banida devido a um trauma: o tataravô abandonou a esposa e os filhos pequenos para seguir a carreira de artista, com isso a dor familiar foi desviada do homem para o a sua paixão, no caso, a arte.

Desesperado para provar o seu talento, Miguel se vê no deslumbrante e pitoresco Mundo dos Mortos seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho ele conhece o trapaceiro encantador Hector (voz de Leandro Luna), e juntos eles partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel. Interessante a Pixar animar esqueletos com roupas e maquiagem e dar vida a uma espécie de limbo. Assim, a fotografia, o figurino, a edição de som, a montagem, a direção de arte, tudo é muito bem realizado.
Com a narrativa focada no folclore mexicano, em uma temática que pode parecer sombria para crianças pequenas, mas a Pixar mais uma vez consegue emocionar o público que está acostumado com a excelência em suas produções. Vemos apenas um flerte com a espiritualidade, sendo laico, ou seja, nem religioso, tão pouco excessivamente cultural. Prova disso são piadas que são feitas, como a que envolve a famosa pintora mexicana Frida Kahlo e o fato de não haver céu ou inferno na trama. Eu particularmente não gosto da ideia de dialogar com os mortos, mas não tem como não se render a beleza para qual o filme se propõe, que é trazer à memória nossos antepassados.
A bíblia fala que há um “Deus zelo­so, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam”. Então, muitas das coisas que vivemos hoje, tem relação estrita com o que foi vivido por nossos antepassados, seja por fatores genéticos, os espirituais. O livro do Eclesiastes em seu nono capítulo, verso cinco diz que: “Os viventes estão cônscios de que morrerão; os mortos, porém, não estão cônscios de absolutamente nada.”
Na animação os mortos fazem uma espécie de viagem anual ao mundo dos vivos, para receberem oferendas de seus familiares. No entanto, o maior problema que eles enfrentam, é a morte eterna ocasionada pelo esquecimento. O que me preocupa no filme, é o interesse que ele provoca nas crianças, de por exemplo conhecerem um cemitério. Deuteronômio 18:11 nos diz que quem "consulta os mortos" é abominação ao Senhor. Só não curti a ideia de utilizar animais como uma espécie de guia espiritual. Eles são quase que uns pokemons na trama e poderiam ser facilmente descartados, utilizando o cachorro Dante mais como um mero curioso que acompanha Miguel em suas aventuras. Outro grande destaque do longa animado são as músicas, especialmente a canção-tema Lembre de Mim que tem uma letra linda e é daquelas que grudam na mente, exaltando o amor presente no afeto, nas memórias, nas lembranças.


Veja trailer de Viva - A Vida é Uma Festa:

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